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Hackerspaces – novos espaços para troca e produção de conhecimento

Por Bia Martins

Temos visto na atualidade o surgimento de diversos espaços, para além da academia e dos laboratórios institucionais, nos quais há uma intensa experimentação e troca de conhecimento entre os participantes. Com diferentes perfis e propósitos, fablabs, makerspaces e hackerspaces têm em comum a adesão ao conceito de Do It Yourself (DIY) ou faça você mesmo. Isto é, o princípio de colocar a mão na massa para desvendar problemas, construir artefatos, desenvolver projetos, realizar experiências etc. 

Neste primeiro texto sobre Ciência Aberta, vou abordar em especial os hackerspaces. Para começar, o que hacker e Ciência têm em comum? Antes de tudo, então, cabe esclarecer o que significa hacker, já que há ainda um mal-entendido sobre essa palavra.

Pela definição corrente, hacker é aquela pessoa que gosta de explorar a fundo um assunto. A palavra surgiu para definir programadores de sistemas que queriam desvendar o universo da informática, mas logo foi estendida para todos os experts ou entusiastas que gostam de dominar os detalhes de determinados assuntos. Não confundir com crackers que são os criminosos do ciberespaço, que quebram senhas para roubar pessoas ou instituições. 

Hackerspaces são espaços comunitários dedicados a diferentes tipos de pesquisa, guiados pelos preceitos da cultura hacker, que preconiza o conhecimento como um bem comum que deve ser compartilhado. Isto quer dizer que nenhum dado deve ser guardado de forma privada, como acontece, por exemplo, quando se tem o objetivo de registrar patente sobre algo. Os hackerspaces, a princípio, devem ser também independentes, mantidos pela própria comunidade, a fim de que não sofram nenhum tipo de pressão ou constrangimento no direcionamento de suas atividades.

Ainda assim, resta uma pergunta: como os hackerspaces se aproximam da Ciência? Talvez se considerássemos apenas aquela ciência chancelada pelos títulos acadêmicos, diríamos que não tem nada a ver. Porém, é cada vez mais forte o movimento que preconiza a Ciência Aberta que, entre outras atribuições, deve se abrir também para o conhecimento extramuros, para aquilo que vem da sociedade. Hackerspaces, nesse sentido, estão inseridos no guarda-chuva da Ciência Cidadã, como um espaço comunitário para pesquisa direta, realização de experimentos e troca de conhecimento.

No mundo todo há 2077 hackerspaces ativos atualmente, de acordo com o registro do Hackerspaces.org, plataforma que compila dados dessa comunidade. No Brasil são 26, conforme lista mantida pelo Garoa Hackerspace, sediado na cidade de São Paulo. A diversidade de atividades mantidas nesses espaços depende tão somente da disposição e da criatividade de seus integrantes. A área tecnológica é sempre privilegiada. Pesquisas na plataforma Arduino, de prototipagem eletrônica de hardware livre, e no desenvolvimento de software livre são uma constante. Mas não raro se encontram projetos ligados a áreas tão diversas como culinária, jardinagem e música, entre outras.

No Garoa, por exemplo, um dos mais atuantes do País, há projetos de segurança, hardware, eletrônica, robótica, espaçomodelismo, software, biologia, música, artes plásticas e o que mais seus integrantes se dispuserem a fazer. Assim como em boa parte dos hackerspaces, o Garoa é um local aberto e colaborativo que disponibiliza seu espaço e infraestrutura para o realização dos mais diversos projetos. As atividades em geral são gratuitas e abertas ao público. Em alguns casos, é sugerida uma doação a critério de cada um para ajudar na manutenção do espaço. Para participar é só chegar junto, mas antes recomenda-se consultar o site do grupo onde é possível conferir, em tempo real, se o espaço está aberto ou fechado.

Outro exemplo brasileiro é o Teresina Hacker Clube que se define como um laboratório comunitário para a troca de conhecimento e experiências, que funciona no mesmo modelo aberto e colaborativo. Percebe-se, nesse caso, um engajamento maior com demandas da comunidade local. Entre os projetos em desenvolvimento está o de criação de próteses de baixo custo para deficientes físicos e de um hotsite para colher assinaturas contra a derrubada indiscriminada do Angico Branco e demais árvores das praças de Teresina.

Para mostrar a diversidade das atividades nesses espaços, podemos citar ainda o Laboratório Hacker de Campinas, onde existe um projeto em andamento de criação de Horta Automatizada com irrigação automática, monitoramento remoto e controle de temperatura. Numa linha similar, um modelo mais simples de Vaso Auto-Irrigável DYI já foi desenvolvido e pode ser conferido aqui

De fato, é grande o potencial de articulação entre a investigação tecnológica dos hackerspaces com demandas sociais. Um bom caso de conexão entre comunidade, ciência e tecnologia se deu no Tokyo Hackerspace, logo após a tragédia de Fukushima no Japão. Lá foi desenvolvido um artefato, no modelo DIY, para que os próprios cidadãos pudessem medir os níveis de radiação de seu meio ambiente de forma independente. Na análise de Denisa Kera, professora da Universidade Nacional de Singapura, mais do que apenas um instrumento de monitoramento participativo, como crowdsourcing, o artefato se constitui em um dispositivo fetiche que ajudou a lidar coletivamente com o trauma, incluindo os aspectos psicológicos causados por um evento de tamanha magnitude e que envolve tanta incerteza. Leia mais detalhes sobre esse caso

Esses são exemplos de artefatos simples, desenvolvidos nos hackerspaces, que podem ser replicados com facilidade por cidadãos comuns. Mais o que isso, são exemplos de como o conhecimento pode circular por outros territórios, para além dos muros das academias e dos laboratórios institucionais, em espaços abertos nos quais aficionados por tecnologia e cidadãos comuns podem usar sua criatividade e disposição para inventar sistemas ou artefatos que de alguma maneira interfiram positivamente em sua qualidade de vida.

Comentários

Importante matéria. Bela contribuição.

Bem-vindo, Jonas! Obrigada! Este é o tema do meu pós-doc. Vou escrever mais sobre ele mais pra frente.

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