Uma Economia do Comum para a Solidariedade

Bem diferente da chamada economia do compartilhamento, que na verdade é uma nova forma de extrair valor do trabalho como faz o Uber com seus motoristas "parceiros", a economia do comum é baseada na cooperação e na solidariedade. Este foi o tema da palestra de Michel Bauwens no ColaborAmerica 2018, que agora está disponível no Youtube:

Bauwens é um dos criadores da P2P Foundation, uma organização internacional sem fins lucrativos que pesquisa e promove práticas e dinâmicas entre pares com vistas à transição para uma economia baseada no comum.  Isto é, uma economia que esteja ancorada em arranjos cooperativos cuja produção se constitua em um bem comum a toda a sociedade.

Na palestra, ele falou sobre o modelo da chamada produção P2P  que tem emergido em todas as áreas na atualidade, na qual todos podem participam sem necessidade de pedir permissão. Porém, alerta, é preciso diferenciar os diversos tipos dessa produção, pois há as que estão baseadas em um modelo cooperativo e voltadas para o comum, e outras que exploram o modelo, captando imediatamente o lucro do trabalho cooperativo. É o que acontece com o Facebook, por exemplo, já que o conteúdo publicado nessa rede social é resultado de um trabalho cooperativo entre pares, porém,  todo o lucro é concentrado na empresa.

Para superar esse risco, do seu ponto de vista, é preciso usar a tecnologia a serviço da cooperação e do bem comum. Por exemplo, criar plataformas cooperativas no lugar de usar as plataformas capitalistas. Da mesma foram, usar a tecnologia Blockchain para organizar o trabalho cooperativo, pois ela é uma ferramenta eficaz para para gerenciar sistemas que se baseiam na igualdade entre seus membros.

Para mostrar como essas ideias são possíveis, Bauwens apresentou algumas experiências que já estão em curso, como na cidade de Ghent, no norte da Bélgica, onde tem se desenvolvido o que chama de Comum Urbano, com várias iniciativas para mutualizar recursos em áreas chave como alimentação, transporte, habitação etc. Todas essas experiências, ressalta, formam um estoque de conhecimento aberto e comum, de forma que podem ser replicadas em outros contextos. 

Confira isso e muito mais assistindo ao vídeo (em inglês, sem legendas por enquanto). 

Leia também a entrevista de Michel Bauwens ao Em Rede.