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Makers e hackers no combate à pandemia

Por Bia Martins

Makerspaces e hackerspaces têm tido atuação importante no enfrentamento cidadão da pandemia, especialmente na produção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para distribuição a profissionais de saúde. Esses espaços são também adeptos e propagadores das tecnologias abertas que têm papel estratégico para a inovação, ainda mais em momentos de crise como agora.

Para conversar sobre esses temas, a plataforma Segura a Onda, com apoio do Instituto Procomum, promoveu na última sexta-feira, 26 de junho, a live Makers e hackers no combate à pandemia, com os convidados Nano Gennari, do Calango Hacker Clube de Brasília, Guima San, do GypsyLab, e Edgar Andrade, do FabLab Recife e do Canal Maker, com mediação de Bia Martins e Luis Eduardo Tavares, ambos do Segura a Onda.

O primeiro a falar foi Nano Gennari que contou que começaram bem pequeno a produzir os aros das faceshields em poucas impressoras 3D que possuíam. Esses aros eram, então, encaminhados para a prefeitura que deveria inserir as folhas de acetato e o elástico para compor o EPI, e então fazer a distribuição para os profissionais de saúde. Só que ficaram sabendo que os equipamentos de segurança não estavam chegando na mão de quem precisava. Decidiram então arcar com a produção completa, fizeram uma vaquinha com as famílias para a compra do material, aumentaram a quantidade de impressoras, e até agora conseguiram entregar cerca de 1.500 EPIs diretamente para quem está na linha de frente. Nano, ao final, resumiu: “é muito boa a sensação de entregar o equipamento para a pessoa que precisa”.

Para conhecer e ajudar o Calango a produzir mais faceshields, acesse https://calango.club/faceshields

Em seguida, Guima San falou sobre projetos de Ciência Cidadã nos quais tem atuado através do GypsyLab, e que uma das coisas que tem pesquisado e produzido são sensores de monitoramento do meio ambiente. Segundo ele, há evidências de que as correntes de poluição ajudam na proliferação do coronavírus e, então, esses equipamentos com tecnologia aberta poderiam ajudar nesse controle. Outra tecnologia aberta disponível é a do oxímetro de pulso de baixo custo, divulgada em 2014, que poderia auxiliar a medição desse índice tão crítico para o acompanhamento dos casos mais graves. Há ainda tecnologia para assepsia por luz ultravioleta do tipo C, que é de fácil replicação. Para ele, não é preciso inventar tanta coisa, pois já existe muita informação disponível. O trabalho é garimpar e organizar esse conteúdo com vistas ao enfrentamento da pandemia.

Guima tem organizado informações sobre desenvolvimento e produção tecnológica aberta voltada para o enfrentamento da Covid-19 no fórum do Segura a Onda.

Por último, Edgar Andrade disse que a produção de EPI no início foi bem artesanal, envolvendo 90 voluntários, mas depois ganhou escala com produção industrial baseada em design aberto. Até agora já foram distribuídos 28 mil faceshields para mais de 80 hospitais e outras instituições de Pernambuco. Edgar chama a atenção para a escala que a produção ganhou em apenas 10 semanas, algo que só foi possível por design distribuído, desenvolvido em nível mundial para ser produzido em nível local, com tecnologia aberta . Como exemplo, contou que teve acesso a um modelo de faceshield criado em Chicago, feito 100% de acetato, que pode ser produzido por uma faca de corte numa gráfica tradicional. Só assim foi possível avançar tão rápido na produção.

Em sua fala, Edgar levantou algumas questões que depois se desdobraram no debate ao lado de perguntas dos mediadores e da audiência. Como será nosso futuro? Ainda haverá patentes daqui a dez anos? Qual o futuro que a gente quer construir para nossos filhos e netos? Como pensar a Educação em tempos de pandemia? Como serão as cidades e os arranjos para convivência urbana no novo normal que teremos que viver daqui pra frente. Tudo isso e mais um pouco você confere ouvindo a live completa.

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