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Convivialismo e Produção do Comum

Por Bia Martins

Frente ao esgotamento das grandes ideologias da modernidade – socialismo, comunismo, anarquismo e liberalismo – novos pensamentos e práticas vêm surgindo, ou vêm sendo recuperados, como propostas para a construção de novos mundos. Neste post vou trazer uma síntese de um diálogo promovido recentemente entre dois desses pensamentos: o Convivialismo e o Comum.

O Convivialismo surgiu na França como uma filosofia política para um mundo pós-neoliberal. Pautado no sentimento de extrema urgência em que nos encontramos, aponta para princípios que possam embasar a arte de viver juntos – con-viver –, tendo em vista a necessidade da cooperação e a importância do cuidado um do outro e da natureza.

Em novembro foi lançado o Segundo Manifesto Convivialista – por um mundo pós-neoliberal, e desde então tem sido realizadas várias atividades com o objetivo de divulgar e debater o manifesto para que o movimento se construa coletivamente. Para conhecer o Convivialismo em mais detalhe, clique aqui.

Já o conceito de Comum vem sendo mobilizado por acadêmicos e ativistas para falar tanto de recursos como bens comuns – recursos naturais; espaços urbanos; a produção científica; a cultura; a tecnologia etc – como para se referir à própria produção social e às formas de organização e luta contra os constantes avanços do capital sobre os bens comuns.

Uma primeira aproximação entre os dois pensamentos pode ser apontada no princípio convivivialista da comum naturalidade, que estabelece que a natureza não é uma exterioridade mas, ao contrário, nossa relação é de interdependência. Outro princípio que podemos destacar é o de comum socialidade que vê os seres humanos como seres sociais para quem a maior riqueza existente é a riqueza das relações concretas que estabelecem uns com os outros. Esse dois princípios dialogam diretamente com as lutas pela natureza como bem comum e da visão da produção social como um comum.

Esse foi o ponto de partida do encontro Convivialismo e produção do Comum, promovido pelo Ateliê de Humanidades como parte do Conviviações, uma série de vídeos, textos e podcasts que tem como propósito o aprimoramento teórico e a troca de experiências para debater e difundir o convivialismo no Brasil e na América Latina.

O evento foi mediado por mim com a participação de Miguel Said Vieira, professor da UFABC, e Georgia Nicolau, cofundadora e diretora do Instituto Procomum, e contou ainda com a participação de vários signatários do manifesto que interagiram no debate trazendo questões e comentários. Entre os muitos temas abordados, vou destacar apenas alguns que dão uma primeira ideia das interseções entre esses dois pensamentos.

Miguel Said, que pesquisa as relações entre conhecimento, tecnologia, colaboração e mercantilização, começou sua intervenção lembrando dos oito princípios elencados por Elinor Ostrom como constantes em comunidades cooperativas bem-sucedidas, entre eles os mecanismos pactuados de resolução de conflito. Em seguida, lembrou algumas críticas que a visão de Ostrom recebeu por não considerar as muitas vezes irreconciliáveis diferenças entre o participantes de projetos comunitárias. Diferenças estas que demandam na verdade pela delimitação de fronteiras entre os que estão alinhados com uma visão comum e os que devem ser colocados do lado de fora.

Esse tema dialoga diretamente com o Pacto de Convivialidade, que vem sendo discutido pelos convivialistas para guiar sua atuação em redes mais amplas. No contexto em que vivemos atualmente, de grande polarização e embate de visões antagônicas, há conflitos que são incontornáveis e há necessidade por vezes de se admitir a impossibilidade do acordo. Até mesmo para que fiquem mais claros os horizontes que estão sendo almejados e, consequentemente, os objetivos que poderão vir a ser alcançados.

Já Georgia Nicolau focou sua fala nas experiências de produção em comum, não só no âmbito do Instituto Procomum, que tem como propósito promover a transformação social em um mundo comum entre diferentes, mas também em manifestações culturais brasileiras. Ela lembrou a importância dos Pontos de Cultura, promovidos sobretudo na gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, que foram vistos como pontos de Do-In a incrementar a produção cultural por todo o território nacional. Foram experiências convivialistas na prática, baseadas em tecnologia digital livre que propiciaram um intercâmbio profícuo entre diferentes comunidades dos mais dispersos cantos do país.

Ela mencionou ainda algumas manifestações culturais brasileiras, como o Cavalo Marinho nordestino, que promovem uma experiência convivial pós-capitalista, já que seus participantes não estão envolvidos por uma relação mercantil mas sim pela partilha intensa de suas referências culturais. Contou também como o Instituto Procomum atua na cidade de Santos (SP) promovendo e ajudando a financiar diversas atividades da comunidade local.

Outro ponto abordado, que merece ser destacado, foi o da necessidade de tropicalizarmos esses conceitos que vêm do Norte, Europa e Estados Unidos, para a realidade brasileira. Um primeiro ponto levantado, que foi também apontado na primeira apresentação do manifesto convivialista no Brasil, foi a questão do racismo que nos é tão própria e estrutural e precisa permear toda o pensamento e prática que pretenda apontar para a invenção de novos mundos.

Mais do que apresentar respostas ou chegar a conclusões, a intenção do encontro foi iniciar uma conversa sobre o tema para abrir portas para a construção de pontes entre esses dois movimentos/conceitos. A ideia é que possamos aprofundar não só as trocas intelectuais mas também a partilha de experiências conviviais de produção do comum. 

Toda a conversa, com mais perguntas e muitas nuances, você pode conferir no vídeo acima.

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