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Economia Solidária

Quando se fala atualmente em economia peer-to-peer ou economia do comum, geralmente as referências são de exemplos bem recentes e em sua maioria internacionais, como é o caso das iniciativas do Cooperativismo de Plataforma, do qual falamos aqui. Porém, o Brasil tem já ampla experiência em uma vertente da economia do comum que merece ser mais conhecida: a economia solidária. Essa prática surge na Inglaterra no século XIX, vem para o Brasil no século XX, tendo maior desenvolvimento a partir da década de 1980. De 2003 a 2016, houve inclusive uma política nacional coordenada por Paul Singer, que foi Secretário Nacional de Economia Solidária durante os governos do PT.

Tem Açúcar?

Em nossa sociedade hiperconsumista e com os recursos naturais chegando ao limite, é muito bom saber de iniciativas que buscam um caminho alternativo baseado na solidariedade e sustentabilidade. Este é o caso do aplicativo Tem Açúcar?, que facilita o compartilhamento de coisas entre vizinhos. Mais do que apenas estimular o hábito de emprestar ou pedir emprestado coisas em vez de comprá-las para um uso esporádico, o que por si só é já um grande ganho do ponto de vista financeiro e de sustentabilidade, o aplicativo ajuda também a gerar um senso de comunidade na medida em que coloca os vizinhos em contato favorecendo uma relação de confiança mútua.

Uma Economia do Comum para a Solidariedade

Bem diferente da chamada economia do compartilhamento, que na verdade é uma nova forma de extrair valor do trabalho como faz o Uber com seus motoristas "parceiros", a economia do comum é baseada na cooperação e na solidariedade. Este foi o tema da palestra de Michel Bauwens no ColaborAmerica 2018, que agora está disponível no Youtube:

Gig Economy: a glamorização do trabalho precário

Para muitas pessoas a Gig Economy significa flexibilidade e autonomia, para outras precarização e insegurança. Avanço ou retrocesso, o fato é que a Economia dos Bicos, caracterizada pela oferta de serviços através de plataformas digitais, não para de crescer. Diariamente uma multidão de pessoas participa de uma grande disputa digital pelo próximo trabalho informal. Por outro lado, muitas são as pessoas que tem tentado mostrar que a autonomia traz ainda mais força quando vem acompanhada de interdependência. Coletivos como Enspiral e Coliga, que decidiram compartilhar suas redes e recursos em benefício do grupo são bons exemplos disso. 

Economia do Compartilhamento x Cooperativismo de Plataforma

Uber e Airbnb são grandes exemplos de como os valores da colaboração e do compartilhamento estão aos poucos prevalecendo na economia, certo? Não, errado, muito pelo contrário. As duas empresas representam na verdade a grande habilidade que o capitalismo tem de se reinventar e de conseguir incorporar a “simbologia” de algo novo e disruptivo para manter as coisas exatamente como são. Ou ainda piorá-las.

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